sábado, 18 de dezembro de 2010

Uma árvore

Foi ainda ontem,
ao passar
pela praça,
assisti,
entristecida,
o último ato
de uma vida...
Na esquina,
nascera,
há muito tempo,
quase eternidade,
uma seringueira...
Quando a conheci
já era enorme,
raízes imensas
pendendo
pelo seu caule
gigantesco,
escurecido...
Era delicioso
ficar à sua sombra,
ouvir o canto
dos pássaros,
que ali,
encontravam,
ameno descanso,
das suas jornadas,
encantadas...
O verde escuro,
da velhas folhas,
contrastando
com o verde claro
das mais novas...
Galhos tão belos,
o velho tronco
retorcido,
contavam
apaixonantes
histórias
gravadas,
nas memórias...
Por que
foi arrancada,
tão de repente,
se ainda existia,
que ironia,
tanta força,
o respirar?
Quanto tempo,
lhe restaria,
pra o transeunte
encantar?
Velha amiga,
companheira
de longas horas
de reflexão
e solidão,
dividimos
devaneios
de uma paixão,
por vários dias
acompanhei
o teu despedir
da vida...
Uma angústia
saudosa,
me tomou
profundamente!
Ao me despedir
de ti,
veio a certeza,
de ter perdido,
(muito sofrido!)
um pedaço de mim,
muito querido,
para sempre,
irremediavelmente...

Conservatório Santa Cecília

Lá está,
afixada no muro,
uma velha placa,
estragada,
meio encoberta
pela vegetação,
com esse nome,
e a explicação
do que ali se fazia...
Um velho portão,
e após ele,
enormes árvores
se espremiam,
se encolhiam,
num quintal
pequeno,
mas ameno...
Uma mangueira
carregada,
o abacateiro,
dois jovens pinheiros,
e outras mais...
Atrás da vegetação,
uma casa antiga,
de tijolos,
escura,
fechada,
abandonada,
muito estragada...
Um professor
de música,
um maestro,
morara ali...
Nela sonhara,
amara,
odiara,
impregnara,
todas as paredes,
de sentimentos maus
e bons...
Naquele cenário
escrevera
a sua história...
Apreciara,
embevecido,
as crianças,
os jovens,
e até velhos,
entrando,
alegres,
gargalhando,
tagarelando,
pelo caminho
que os levava a si...
Quanta vida!
Se as lembranças
são virtuais,
e nelas colocamos
nossa impressão,
para ele,
sublimes
seriam elas,
como recordação!
Corpinhos
pequeninos,
mãozinhas
diminutas,
diante
do imenso piano,
dele tirando som...
Como era bom!
Nesse misturar
realidade
e fantasia,
era onde
ele gastava
seu dia a dia...
E, agora,
o que resta
do pequeno
paraiso,
onde viveu
outrora?
A velha casa,
a natureza
luxuriante,
a placa
enferrujada
contam o enredo,
desse personagem,
que se perdeu
no tempo,
que foi embora...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Casinha branca,
numa ruazinha
tão bela,
da grande cidade!
No peito arde
uma saudade!
Foste cenário
de muitas vidas
desabrochando,
seres jovens,
se preparando,
indo em busca
de seu lugar
no mundo,
seu sonho
profundo!
Palco iluminado
de tantas
fantasias!
Traz nostalgia!
Aspirações
sublimes,
programadas,
muitas não foram
realizadas...
Estás tão longe,
perdida,
numa janela qualquer
da minha mente
enternecida...
Recorro a ti
quando a dor
instigante
bate,
e meu ser,
quase a sucumbir,
se abate...

Saudade

É quase noite,
à tarde,
a hora
do lusco-fusco,
uma saudade,
infinita,
me invade...
Não do que fui,
do que vivi,
ou de quem amei,
mas, do que
me espera,
daquele ser
realizado,
que ainda serei...

Madrugada

Todo dia,
na madrugada fria,
exploro,
calmamente,
reverente,
o veio,
inesgotável,
da poesia...

Findar

Não mais é,
não mais existe,
se foi alegre
ou triste,
não importa,
já foi embora...
Fica registrada
a sua existência,
suas vivências?
Onde?
Em algum lugar,
nesse universo
imenso,
estão guardadas
as memórias
de vidas incríveis
ou horrendas
trajetórias
compondo,
como uma colcha
de retalhos,
uma trama
monumental?
Cada ser
um ator consumado,
será um dia
recordado,
por seu lado bom,
ou infernal?

Viver

De repente,
o palco se ilumina,
alguém
que se aproxima,
para mais
um "show"
particular...
O ator surge,
inconsciente
de que o é,
pra contracenar...
É um recinto
onde se sua,
se verte sangue,
se vive
a dor
que dilacera...
No viver,
nada se espera...
Quando
as falas
terminam,
ele se despede,
feliz
ou magoado,
muita vez
mutilado,
irado
ou tristonho,
p"ra se encontrar,
num tempo qualquer,
em outro lugar...

Passos

Por quais
paragens
andei?
Em que becos,
vielas
ou vias
me perdi,
ou me encontrei?
Não sei!
Só dei conta
que perdi
o rumo,
o compasso,
(nenhum espaço!)
Só vislumbro,
neste momento,
na areia branca
da minh'alma,
a impressão,
vacilante,
dos meus passos...

Busca

Hoje,
sai
por aí,
procurando você,
em cada rua,
em cada esquina...
Insane,
essa busca,
bem sei,
pois procurar-te
loucamente,
será o meu destino,
a minha sina...

Paixão

Amava
me espelhar
no teu olhar...
Não existem
lembranças puras,
as transformei
em delirantes cenas
de deslumbramento,
puro encantamento!
Palavras
são vazias,
pálidas
manifestações
de emoções
intensas...
Intraduzível
nosso encontrar...
Ao recordar,
dou cor,
cheiro,
textura
e aroma
ao sentimento...
Um desvario,
que agora,
pobremente,
traduzo
em verso...
Impossível
demonstrar
o que é
mergulhar
e se perder
numa paixão
devoradora
e seu universo...
Pedemar Maraguara Porã


Menino-homem
diante da lei,
em busca
de identidade...
Ficaste
em mim
para sempre,
uma saudade...
Guardo
a tua imagem
de índio,
perambulando,
tropeçando,
entre duas
culturas!
Questionando
a Tupã,
teu criador,
o porquê
da tua sina,
tão peregrina...
Por fim
te quedaste,
silenciosamente,
conformando-se,
ao revés da lida...
Pedemar,
curumim adulto,
infeliz
com sua sorte,
com sua vida...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Obra prima

Rio
de mim,
dos meus micos,
das trapalhadas...
Tão engraçadas!
Delicioso é,
o se sentir um nada!
Ao mesmo tempo,
sei,
que para um Ser
sublime,
significo tanto,
tanto,
tanto!
Ele me considera
Sua obra prima,
o seu maior encanto!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

À Alzira

À Alzira,

Uma vez mais,
um ser querido
se prepara
para deixar
o palco iluminado
do nosso morar
tranquilo...
Foram tanto anos
dividindo
imensas dores,
grandes alegrias,
esperanças sublimes,
perdas irreparáveis,
confidência tantas...
Muitas lembranças!
Viver o cotidiano,
com amor,
foi a tua luta!
Cada conquista
valorizada,
nessa guerra
ininterrupta,
que é a nossa vida...
Tanta delicadeza,
tanto cuidado
no teu atender,
e em satisfazer
cada necessidade,
vai deixar saudade!
Muito amor,
muita ternura
no teu olhar!
Inesquecível,
por certo,
como lembrança boa,
conosco ficarás...
Serás alguém,
de quem
gostaremos
de nos lembrar!
Exalas,
na tua passagem,
o suave aroma
de sentimentos bons...
Querida amiga,
Sê feliz,
são os nossos votos
para o resto
dos teus dias!
Que te aguardem
profundas alegrias!
Descansa,
tranquilamente,
do trabalhar
sem fim...
E, por favor,
não esqueças
de nós
que aqui ficamos,
especialmente
de mim...

O lobo e o cordeiro

Perdoar!
Quão divino é...
Ao te dar perdão,
eu mesma
me perdôo...
Magnífico será,
quando puder
te abraçar
e sentir
uma emoção
acalentadora,
confortadora...
Esquecer
que houve
um passado,
muito triste
a ser lembrado...
Você e eu,
de mãos dadas,
corações irmanados,
caminhando
em busca
de um futuro,
mui almejado...
Melhor, ainda,
é ser perdoada,
poder seguir,
com o inimigo,
a mesma estrada!
O lobo
e o cordeiro,
vivendo juntos,
tranquilamente,
como se fossem,
desde sua origem,
eternos companheiros,
pertencentes
a mesma manada...

Deslumbramento

Ainda
me lembro...
Era um palco
encantado,
nele encenávamos
uma bela história
de amor!
Lá estava eu,
à espera
de me espelhar
na luz
do teu olhar!
Então,
de repente,
frente à frente,
se mergulhava
num profundo
encantamento...
Havia magia no ar,
um deslumbramento!
Miríades
de borboletas
azuis,
amarelas,
mil cores,
flutuavam
na atmosfera...
Como era bela!
Como esquecer,
se só envolvimento
havia!
Me acarinhavas,
me acariciavas
sem me tocar...
Não confessar,
estranha covardia!
A emoção,
libertada,
rodopiava
no ar!
Eram pássaros
e pássaros
a cantar
a mais bela
a mais suave
melodia...
Será
que ficou
gravada
a cena,
em algum
lugar?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A poeirenta viagem até Londrina

Dependia
da metereologia!
Se chovia,
era um contratempo,
não se saia,
ou era ficar
atolado,
na estrada
embarreirada,
na enchorrada...
Sair do atoleiro,
só com corrente,
ou um trator,
que se colocava
à beira da estrada,
estrategicamente...
Mas, num dia
ensolarado,
lá se ia,
rumo à civilização!
Rumo ao mundão...
Era viagem
para um dia!
Não havia pressa,
a hora lenta,
vagarosamente,
escorria...
O passar das rodas
pela terra vermelha
do leito da estrada,
levantava um poeirão,
que impregnava,
emporcalhava,
à beira do caminho,
toda a vegetação...
Quando acontecia
de aparecer
outro veículo,
à frente,
nada se enchergava....
Engolia-se pó,
literalmente!
Ao chegar
à cidade grande,
do viajante
só se divisava
o branco do olho...
Tudo o mais
era poeira!
As mulheres,
p'ra se protejer,
usavam compridos
guarda-pós,
lenços coloridos.
Inútil arrumação!
Mas lá chegando,
havia um lugar,
onde era possível
se limpar...
Só então,
feita a limpeza,
saia-se,
o comércio,
a explorar,
que os aguardava...
Percorrer,
alegremente,
as ruas da cidade...
O passeio,
tão raro,
tão diferente
e tão bonito,
compensava
tamanho sacrifício,
tanta morosidade!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Iniciar

Olá, bom dia!
Prazer
em recebê-lo
na minha vida!
Pode entrar,
a porta está
desguarnecida...
Num primeiro
momento,
nos olharemos,
analisando
o nosso olhar,
nossa postura,
que espécie somos
de criatura?
Isso, se interessar
aprofundar
o acontecer...
Mas, se são outros
os interesses,
E breve for
o encontro,
provavelmente,
notaremos,
a maneira
de nos trajar,
e tudo o que for
mostrado
aparentemente...
Teremos
a eternidade
para confirmar
ou apagar,
o que concluímos,
num instante,
num relance..
Pensa comigo:
temos a chance
de começar,
a partir de agora,
o mais tranquilo,
o mais feliz
e carinhoso
dos relacionamentos...
Que deslumbramento!
Breve é a vida,
uma gota de chuva
a escorrer
pela vidraça...
Num momento é,
num outro passa...
Novos atores,
outros amores,
vão surgindo
a cada curva
da estrada,
pedregulhada?
Com os quais
se inicia,
misteriosamente,
um relacionamento
triste,
vazio,
odioso,
estressante
ou gratificante,
pela eternidade...
Quando prazeiroso,
nos alivia
ou deixa saudade...
A existência
começa agora,
e só valerá
daqui pra frente...
Nunca se irá
embora,
nós nos veremos,
no futuro,
irremediavelmente...
"Na natureza nada se perde,
nada se cria,
tudo se transforma",
já disse o sábio,
um dia,
pra nossa alegria.
Espiritualmente,
vale o mesmo?
Provavelmente...
Por que não transformar
nosso contracenar,
numa aventura
prazerosa,
rica em experiências,
indescritivel?
É pouco inteligente,
masoquista, talvez,
tornar nosso viver
em uma relação
quase impossível...
Por que não dialogar,
calma e
educadamente?
Colocar,
os pontos
de divergência,
sobre a mesa?
Discutir,
conversar
sobre pontos de vista
com a maior clareza?
Por que não respeitar,
e aceitar
que se pensa
diferentemente?
Refletir,
inquirir,
sobre a maneira
de dirigir,
de direcionar
a nossa existência?
Por que existir
o desejo,
frenético,
de só espicaçar?
De querer,
literalmente,
deletar
o divergente
da convivência?
Como visualizar
e manter
os limites
da boa vizinhança?
Parece
humanamente
impossível
ser um ser racional,
quando se está,
mergulhado,
atolado,
em pleno mal.´
Buscar
a harmonia,
a paz,
não satisfaz..
Encontrar
a felicidade,
é um sonho fugaz,
que não condiz
com a realidade,
onde o desejo
manifesto,
é a agressividade...
Como parar
essa ânsia maluca,
de se trucidar?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Jesus!
Um caminhante
que de material
não tinha nada...
Mas, quanto amor,
quanto ensinamento,
quanto carinho,
quantas flores
distribuiu
em sua jornada!
Infelizmente,
na vida,
há o envelhecer,
quando, então,
se necessita
a outro recorrer...

Cenário

Onde o cenário,
o palco
encantado,
onde encenavam,
extasiados,
belas cenas
de amor,
com um diálogo
(tão rico era!),
abrasador?
Lá estava ela,
à espera,
de se espelhar,
no seu olhar...
Finalmente
chega o momento,
tão aguardado,
de se estar
frente à frente...
Mergulhar
no mais profundo
encantamento...
Miríades
de borboletas azuis,
de rouxinóis,
cantantes,
flutuam
na atmosfera!
Minúsculos
pontos de luz,
faiscam
na doce quimera...
Como esquecer,
se só deslumbramento
havia?
Não confessar,
estranha covardia!
A emoção
rodopiava
no ar...
Eram pássaros
e mais pássaros
a cantar
a mais bela
das melodias!
Embevecidos,
só se olhavam,
e se devoravam
sem se tocar...
Ela falava
das suas viagens
pelos livros,
do seu flutuar
numa clave de sol...
Ele ouvia
as fantasias,
o que menos
importava,
era o tagarelar..
Hoje,
O palco
não mais existe,
ele se foi...
Só resta
uma caminhante
triste,
que guarda
na memória,
uma maravilhosa
história,
desfrutada,
e esgotada,
num passado
distante,
vivida a dois...
Jesus!
O Senhor
da essência!
Um não
peremptório
ao seduzir
da aparência!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Aventura

Vem transitar
sozinho
por caminhos
ignotos,
não explorados...
Vem
morrer ou viver
a cada curva
da estrada,
onde só os fortes
sobrevivem...
Escrever
com sangue,
se preciso for,
uma apaixonante
trajetória,
uma história
de amor...
Deixar a marca
indelével
no computador
imenso
do universo,
que grava
cada cena
da sublime
aventura,
na sua memória...

Encontro

Perspectativa
inebriante
toma conta,
absorve
esse ser,
na busca
apaixonante
do seu acontecer...
Estar à procura
de um eu perdido
nas densas brumas
de um passado
escuro...
Suprema
ventura:
planejar,
projetar
a própria vida
no futuro...
Ter
a recorrer
todo o tempo
do mundo,
que escoa,
rapidamente,
segundo
a segundo...
Sentir
pelo novo ser
complacência!
Afagá-lo,
acariciá-lo,
afastá-lo
das vielas
retorcidas,
que se encontra,
a cada trecho
do caminho...
Incendiar
cada caminhante,
cada cruzante
e encontrar
na estrada...
Dividir,
generosamente,
as alegrias
da caminhada...
Traduzir beleza
na madeira
preciosa,
gravar
sentimentos
puros
na argila fria,
silenciosa...
Rimar
palavras vazias,
com outras cheias
de significado,
formando versos
simples,
mas vibrantes,
por ter
se exaurido,
por muito amado...
Coser
em retalhos
uma bela colcha,
no tempo que resta
da sua existência.
Cozer
sabores intensos
de outras paragens...
Em tela,
deixar a marca,
inconfundível,
de cada ente,
na sua passagem...
Viver
intensamente,
verdadeiramente!
Usar as mãos
para compor
uma sinfonia,
num sublime
gesto de amor...
Cada momento,
intensamente
respirar,
na ânsia louca
de se perder
e se encontrar...

domingo, 7 de novembro de 2010

Proeza

Há em certos
momentos,
no pensamento,
em que o penetrar,
solitário,
destemido,
corajoso,
no inferno
do autoconhecimento,
transtorna
a alma sedenta,
nunca vazia,
e propicia
muita alegria
e arrependimento...
O voltar,
muitas vêzes,
tranquilo,
depois de um tempo,
pela acontedida
caminhada,
pode sugerir
outros destinos...
Sentir,
a sublime
sensação
do esvaziamento...
Ante
o implacável
juri
que reina
sozinho
na consciência,
argumentar,
apresentar
a sua verdade!
Esse se encarar,
é, com certeza,
a mais difícil,
sublime,
corajosa,
bela proeza...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Expectativa

De repente,
o palco se ilumina,
alguém
que se aproxima,
p'ra contracenar...
Já velho camarada
ou desconhecido?
Novo roteiro,
ou velha história,
para ser gravada
e deixada
na memória?
Será,apenas,
um breve toque
de carinho
ou uma cena
intensa,
quiçá sangrenta,
talvez,
a derradeira
de uma trajetória?
Sublime expectativa
a de tentar advinhar
o vir a acontecer
me invade...
Um novo ator
que quando se for,
deixará o vazio,
a dor da perda,
o fastio,
ou quem sabe
só uma saudade?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sentimento

Estou em busca
de um sentimento
profundo
pra traduzir
em verso,
todo
o meu mundo
a implodir
num pequeno vaso,
imerso...

Veredas

Vem comigo
criar veredas,
fazer escolhas,
simplesmente,
pelo prazer
de ver
onde vão dar...
Uma vez mais,
vem se perder,
se descobrir,
ou se achar...
Vem se entorpecer,
se embriagar
com o perfume
inebriante
das flores
perdidas
em caminhos
sedutores...
Vem,
viver amores!
Mesmo
que ao final
resultem dores...
Num caminhar
resoluto,
sem temer
a emoção,
encontrar,
enfim,
o nosso sim
e nosso não...

Trajetória

Imensurável
loucura
defender
um pequeno núcleo
de pensamentos
e sentimentos,
aprisionados
enclausurados
na redoma
pequenina
que forma
meu angustiado
ser...
E reciclar,
analisar
trocar
por novos
os ultrapassados....
Ir abrindo
janelas
pra cada
personagem novo,
que vai surgindo
ao longo
da caminhada,
já avançada...
Mudar
de repente,
ante o observar,
o pensado
e o sentido...
Trazer várias
num único
momento,
instantaneamente,
ao pensamento
e com todas elas
dialogar...
Há aquelas
gravadas
com cenas
de sofrimento,
muito lamento,
ou só trapaças...
Porém,
há outras tomadas
de puro
encantamento.
É extraordinária
essa retenção,
na memória,
de vários enredos
do passado,
do presente
ou em projeção...
Magnífica
introspecção...
E será mais bela
quanto mais rica,
mais longa,
mais vivenciada
for a trajetória.....

Adeus

Quando
eu me for,
ficará
o vento
a soprar
por quanto
tempo?
Quando
eu me for,
continuarão
as primaveras
a se suceder?
O mundo
continuará
a sofrer,
a sorrir,
a navegar
nas ondas
procelosas
do inavegável
mar?
Ainda
haverá momentos
para amar?
Ar p'ra respirar?
Água pra saciar?
Quando
eu me for,
que outros olhos
verão a vida
no seu vir a ser?
Quando
eu me for,
e não mais vir
a existência
a surgir,
a florir,
a acontecer?
Quem há
de admirar
o roteiro
sendo traçado
pelas escolhas
de um novo ator,
meio aturdido,
colocado
aqui no mundo
à mercê
de muita dor?
Quando
eu me for,
quem ficará
deslumbrado,
estarrecido
ante os cenários
oferecidos?
Quando
eu me for,
quem apreciará
o sol se pondo,
ou nascendo?
A beleza
de uma flor,
na campina,
se oferecendo?
Não quero ir...
Que pena,
que desvario,
imensa loucura,
eu ter,
de repente,
de me despedir...

sábado, 23 de outubro de 2010

Existência

Uma a uma
as pessoas amadas
outras odiadas,
silenciosamente,
vão deixando
a lida...
E só o tempo,
médico da alma
cicatriza
a ferida
trás o esquecimento!
O que dá alento
ao sofrido
coração
É que outras
virão,
a preencher
o vazio
deixado
por essas vidas...
Esse transitar
perene
de caminhantes
errantes
deixará
veredas
a se descobrir,
um mundo novo,
em branco e preto
a se colorir,
mais experiência,
mais esplendorosa,
mais alucinante
a tornar-se
a existência...

Desatino

Existir,
acontecer...
Aventura única
insdescritível,
alucinante,
envolvente,
que embriaga,
enlouquece,
que desatina
o pobre ser...

resiliência

Não deixar
no picadeiro
nenhum vestígio
da passagem...
Apagar resquícios,
deixar vazio
o ambiente
tranquilo
onde se viveu...
Objeto
qualquer
lembrará
que aqui
andou,
que adoeceu
de amor
enlouqueceu
de dor,
que existiu
e aconteceu,
e muitas vêzes
desistiu
e reviveu...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Uma inesquecível festa de S. João


No calendário
era marcada
a data:
vinte e quatro de junho,
dias da festança!
Depois,
ansiosamente,
era aguardado
o dia vir a ser.
Meses antes,
dois,talvez,
escolhia-se os pares,
para a quadrilha
acontecer...
Nas noites estreladas,
últimas aulas
dispensadas,
ensaiavam os passos,
da vibrante dança!
Era uma festança!
Quanto riso no ar,
quanta brincadeira!
Era só zueira...
Quando se é jovem
a gente ri à toa.
Quanta lembrança boa!
O tempo não passava,
mas um dia,
a data tão esperada
acontecia...
Atendendo
às promessas feitas,
não chovia.
Os rapazes felizes,
partiam a buscar
enormes bambus,
para o cenário
enfeitar!
As meninas,
alegremente
unidas,
jamais vencidas,
punham-se o pátio
a limpar...
À noitinha
como era desejado,
o "arraiá"
acontecia!
Todos a caráter,
quanta alegria!
Não dava,
e nem se queria
disfarçar...
A platéia
comovida,
enternecida,
assistia,
que regalia,
ao primeiro
espétáculo,
das suas vidas...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Amar-se

O canto
dos quero-quero
de manhãzinha,
trás à mente,
o mar...
Chego a sentir,
nas narinas,
seu cheiro,
inconfundível,
a me provocar!
A areia fria,
macia,
sob os pés
descalços,
que sem percalços,
vão deixando
marcas leves,
que as ondas
em breve,
apagam sem dó...
Sentir na pele
o toque suave
da brisa
que passa,
partindo
p´ra outras
paragens,
em suas viagens....
A cabeça vazia
de pensamentos,
de sentimentos,
apenas o existir,
o se encontrar,
e se amar...
Por que fugir
da solidão,
quando
o estar só,
é incrivelmente
bom?
Apreciar
a própria
companhia,
curtir-se,
ao longo
do caminho,
faz nascer
na alma
inquieta,
o desejo,
irreprimível,
de se estar
sozinho...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Botão vermelho

Mirá-lo,
na parede
à frente,
pequeno botão
de um vermelho
intenso,
esquecido,
pintado
numa tela
antiga...
Quanto tempo
tem de vida?
Não se sabe...
Testemunha viva
de reminiscências,
doloridas
vivências...
Do muito
que penou,
do muito
que amou!

Poesia

Sem o saber,
amando-se
perdidamente,
fizeram poesia,
no seu viver
no seu encontrar
ou se perder,
de cada dia...

Pedemar

Pedemar,
foste traduzido
em uma escultura,
nela retratada
 a tua desventura....
Ela se quebrou,
foste esquecido,
somente agora,
ao ser repassado,
o tempo já vivido,
foste lembrado,
e de novo retratado,
menino ìndio
que existiu outrora!

Incerteza

Um longo sonho,
às vêzes,
pesadelo,
é o enredo
a se revelar...
Registrar tudo,
num recipiente
mudo...
Condicionar
os planos,
pois, amanhã,
quando menos
se espera,
triste quimera,
pode-se deixar,
abandonar,
o palco
encantado,
todo iluminado...

Encontro

Num instante,
a sua voz
inebriante
ilumina
o recôndito
da alma
embevecida!
Ao seu toque
respira
ofegante,
ansiosamente
retorna à vida!
Num segundo,
único
no mundo,
os cuprimentos
terminam,
e se afastam,
a se encontrar,
num tempo
qualquer,
em outro lugar...

Olhar...

Atraídos
foram
sem o saber,
como por
um imã,
a esse lugar...
Num raro,
maravilhoso
instante,
se tocaram,
se incendiaram,
com o olhar...

Recordando

Recordando...

Mais uma vez
ansiosa,
à espera,
do seu passar...
Uma vez mais,
abandona a lida
para dar guarida
à sua paixão...
Tormento
delirante,
que a escraviza
e a eletriza!
E por um instante,
toma de assalto
o seu coração...

Encontros

Aos amigos,
inimigos,
transeuntes,
jóias raras,
que deixaram
penetrar
suas essências,
suas ambivalências...
Protagonistas
na novela
insignificante,
(muita sequela!)
porém cara,
muita vez rara,
que é sua vida!
Um frenesi,
um turbilhão,
constante...
Sofridos,
quase sempre
perdidos
coadjuvantes,
camaradas,
seguindo juntos,
por escolha,
a mesma estrada,
"que ao final
vai dar em nada?",
Ou em tudo
que se quiser,
é só acreditar...
São encontrados
e deixados
ao longo
do caminho,
durante
a jornada...
Enriquecem
o viver,
transformam
o acontecer
com terríveis
tristezas
ou imensas
alegrias,
compondo
um rico
dia a dia...
Há os que partiram,
e os que ficaram
no passado
mui remoto,
tão difícil
de ser lembrado...
Dividiram
o que se chama
realidade,
momentos
fugazes,
porém,
profundos!
Tornaram
o viver
muito mais
belo,
mais rico,
mais doce,
nesse velho
e violento
mundo...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Diadorim

Diadorim!
A chama
alucinante,
delirante,
um sentimento
devorador!
A história
de uma paixão
arrasadora,
tão envolvente,
um grande amor!
Não à entrega,
ao desejo
pacificado...
Contracenar
com você,
nesse palco
imenso...
Vagar
incendiada,
alucinada,
pela chama
cálida
de um ardor
intenso,
abrasador,
perdido,
não consumado,
hoje apagado...
Escrito
nas entrelinhas,
quase escondidas,
de um passado...

Reminiscências

Momento
a momento,
o tempo
escorre
e se morre
num segundo,
no mundo!
No silêncio
da madrugada
tão boa,
que escoa,
está sozinha,
a versejar...
O pensamento
lépido,
voa
à toa...
Percorre
célere,
tranquilo,
as alamedas
floridas,
coloridas,
perdidas
do já vivido...
Tudo que fez
outrora,
quando
se abandonou
e foi embora...
À lembrança vem
cenas sublimes
de supremo bem,
gravadas
na memória...
Inebriante
é ter
um passado
pra recordar!
É resgatar,
reaver
a perdida
trajetória...

Solidão

O cenário
não mais reflete
o ser
que aqui viveu
há um século
atrás...
O tempo
que passou
inutilmente,
foi tão breve,
fugaz...
De toda uma vida
só reminiscências...
Muitas cenas
gravadas
na memória...
Uma existência!
O roteiro
sendo escrito,
com sangue
derramado
a cada escolha...
Muita vez
não saber
o resultado
daquela
que se rejeita...
Difícil
ambivalência!
Algumas
reversíveis,
outras
sem volta...
Pouco importa...
Aprender
com o alheio
erro,
amargando
o desterro
da tremenda
e cósmica
solidão...
Foi imenso
o desafio,
impensável
o desvario,
sem o consolo
de um perdão!

Folia

Em uma manhã,
quiçá
a derradeira
de uma vida
inteira,
perdida,
vazia,
vadia,
não vivida,
foi acordada
pelo já ido,
o já vivido...
Tomou posse
do que fora,
resgatou-se!
Num segundo,
naufragou,
delirou,
enlouqueceu...
Fez força
brutal,
descomunal,
lançou âncora
profundamente
para não voar
e no nada,
suavemente,
mergulhar...
Prendeu-se
ao cotidiano,
à tarefa
rotineira
da vida
inteira!
Todavia
gostou
de se perder
em si,
e se achar...
Amou viver
uma paixão
violenta,
muito sedenta!
Ao retomar
o seu passado,
entrou
em sintonia
com aquele ser
que é pura
poesia!
A vida, agora,
repleta de magia,
transformou-se
em um imenso
festival!
O seu dormir
de cada dia,
tornou-se
uma aventura
incrivel!
Vestiu
uma bela
fantasia,
para, então,
brincar,
(que rebeldia!)
numa folia
de carnaval!

domingo, 26 de setembro de 2010

Barcos

Olho
os barcos
na tela,
sobre a mesa.!
A lua enorme,
logo atrás,
acesa...
Que belos são!
Transmitem
tanta paz...
Eternizam,
com certeza,
um desejo,
ou quiçá,
ou uma saudade!
Breve instante,
raro,
único,
fugaz,
de felicidade...

Mar

Hoje somos
dois velhos
amantes...
Me encontro
no fim
da estrada...
Em plenitude,
tranquila,
após a alucinante
caminhada...
Ainda me lembro,
(tanto tempo faz!)
era setembro?
Tocavas
cada partícula
do meu ser
embriagado...
Eu era só
entrega,
só abandono...
Momentos
indizíveis,
inesquecíveis,
porque eternos...
Uma história
de encontros
e desencontros,
de busca
e de espera,
no inverno
ou na primavera...
Hoje,
te contemplo
da areia,
cheia
de doces
lembranças,
tomada
por uma emoção
intensa!
Não há
agora
desejo,
ou um lampejo,
quedo-me
saciada...
Só há
a saudade
atroz,
quando eu,
inebriada,
era atraída
e perdida,
pela tua voz...

Retorno

Por dezoito anos
esteve prisioneira!
Drogas
poderosas
controlaram
a sua mente,
impedindo-a
de viver
intensamente...
Hoje,
retorna à lida,
à vida,
ao trabalho,
fascinante,
de tornar a ser...
Agora,
sente n'alma
esta imensa,
inebriante,
contagiante
vontade
de viver...

Relembrar

Momento
a momento,
o tempo
escorre...
Está agora,
no silêncio
da madrugada,
sozinha,
a versejar.
O pensamento
voa,
à toa,
percorre
célere,
tranquilo,
as alamedas
floridas
do seu passado,
trazendo
à lembrança,
momentos sublimes,
inesquecíveis,
não exauríveis.
Tudo aquilo
que foi vivido,
que foi gravado...
Ela se sente
agradecida
pela alegria,
agora sentida,
em cada cena,
só o fato
de relembrar,
valeu a pena!

sábado, 25 de setembro de 2010

Ânsia

Neste corpo
cansado,
envelhecido,
alquebrado,
deformado,
endurecido,
mora um ser,
sensível,
apaixonado,
encantado
com o existir,
com sede de viver!
Não o veja assim,
como um trapo velho,
sem serventia,
muita carência,
tanta anomalia...
As emoções
profundas
de uma vivência
sentiu!
Todas,
de perto,
internalizadas,
exauriu!
Odiou
intensamente,
perdidamente
se apaixonou...
Sorriu,
penou,
se desgastou
de amor...
Contorceu-se
de dor
Reservou-se,
ou então,
desvairadamente
se entregou...
Aconteceu!
Morreu
e reviveu!
Se hoje carrega
este velho
objeto,
enrugado,
dolorido,
cansado,
que a serviu tanto,
é porque o tempo
nele fez
seu trabalho
(como quisera,
ainda,
ser uma manhã,
repleta de orvalho!)
A velha boca
muito sorriu,
muito elogiou,
muita palavra
de conforto
proferiu,
de coragem
foi sua mensagem,
mas, também,
muita mentira
expeliu...
Os olhos,
que tanto viram
(belas paisagens,
horríveis
sofrimentos!)
já derramaram
amargo pranto...
Já chorou
tanto...
Outrora,
no início
da primavera,
já foi bela,
admirada,
desejada,
muito querida...
Hoje,
te olha,
ao começar
a lida,
sabendo,
de ante mão,
o que te espera...
Depois de tudo,
o já vivido,
o acontecido,
te parecerá
uma quimera...
Um sonho
guardado,
preservado
na memória,
(é isso
que se sente),
a tua história...
Correrás,
(como esse ser),
atrás de uma
lembrança boa?
Ou sentirás
a amargura,
a desventura,
de ter vivido
à toa?
Como será
o balanço geral
da tua existência?
Um doce
acontecer,
do bem,
ou um poço
de carência?
Qual das cenas
escolherás
para ficar
gravada?
Emocionalmente
as mais marcadas?
Que o resumo final
da tua vivência,
possa ser
um doce lembrar,
um suave
reviver...

Termas

De manhãzinha
ao raiar do dia,
sentavam-se
em uma mesinha
do bar,
em frente
as piscinas...
Acompanhados
de uma bebida
qualquer,
música no ar,
jogavam
muita conversa
fora...
Seus olhos
felizes
passeavam
pela paisagem,
ou se desviavam
para os pássaros
amarelos,
no seu voar
tranquilo,
infadigável...
Ou, então,
saiam,
empurrando
a cadeira,
por entre
piscinas,
cristalinas,
esfumaçantes...
A explorar
o imenso palco
iluminado,
a essa hora
da manhã,
esvaziado...
Radiantes
usufruiam,
a cada instante,
esse cenário
encantador...
Havia consciência
da sua felicidade!
Momentos
inesquecíveis,
loquazes,
tão doces,
tão caros,
porque fugazes...

Cenários

Tem por tarefa
construir cenários
onde cada ser,
que pode contratar,
realiza,
solitário,
a cada instante,
seu "show" particular...

Passagem

Sofrimentos,
decepções,
alegrias,
fazem parte
do viver
de cada dia...
É quem é,
e não é nada...
Leve pluma,
ao sabor
da aragem!
Num momento é,
num outro,
não mais...
Só pequenos
detalhes
no cenário,
são testemunhas
vivas,
da sua presença,
ou da sua passagem...

Realização

Felicidade
demais
dói...
Machuca até!
Não mais que
de repente
os sonhos,
os desvarios
de uma vida
inteira,
tornam-se
realidade!
Pessoinhas
amadas,
num instante,
de uma forma
alucinante,
realizando,
a cada dia,
sua própria
fantasia!
O brilho
no olhar
denuncia
a realização
do faz de conta...
Este partilhar
felicidade
é doce demais!
Momentos únicos,
incríveis,
que com certeza,
não se repetem mais...

Vadiagem

No silêncio
da madrugada,
quando só se ouve
a música
dos pássaros,
e só se vê
o vôo magnífico
das borboletas
pela ramagem,
eis que flutua,
uma vez mais...
Pelas piscinas,
límpidas,
esfumaçantes,
à sua frente,
nãos mais
que de repente,
pequenos
pássaros
amarelos
(que belos!)
iniciam
uma coreografia
fantástica,
alucinante!
Um desperdício
de beleza,
pra uma só
transeunte,
que se queda,
fascinada,
pelo presente...
Breves segundo,
o bailado pára,
as aves raras,
prosseguem
seu destino...
Uma vez mais,
registro
o breve estar
em sua formosura!
Devagarinho,
de beleza
em beleza,
ou tristeza,
vai tecendo
a trama
misteriosa,
tênue
e finita,
da sua passagem,
ou vadiagem?

Uma dança

É madrugada!
Seus pés
deslisam
pela áspera
calçada...
Dança,
solitária,
ao som
dos grilos,
muito tranquilos...
O que era
de manhã
um lindo caminho
iluminado
pela luz do sol,
entre chalés
vazios
e árvores
raras,
agora
é escuridão,
quebrada,
aqui e ali,
por pequenas
lâmpadas
amarelas...
Não há platéia,
só uma coruja
dolente,
voeja
pelos telhados,
avermelhados?
Uma vez mais,
queda-se
agradecida
ao Pai
pelo cenário...
Exausta cai
na grama molhada!
Um sentimento
de plenitude
a invade...
A mente,
silencia,
pacificada...
Desta hora
tardia,
desse lugar
luxuriante,
uma certeza
permanece:
Nos amanhãs
da sua vida,
como que
a consolando,
restará
a doce
lembrança,
e uma dorida,
todavia
deliciosa
saudade...

Reminiscências

Leve pluma
ao sabor
do vento,
Não vento forte,
tempestade,
mas brisa suave!
A dança
é tranquila,
única,
ao iniciar
do dia...
Felicidade,
realidade,
sonho
ou fantasia?
Caminha,
devagarinho,
de mansinho,
pelo "caminho
dos sentidos",
nele deixando
a marca
inconfundível,
dos seus passos...
Pés descalços,
molhados
pelo orvalho
da manhã,
e se embriaga...
Toca seu corpo
para sentir
que vive,
que respira!
Ri contente,
e o som
do riso
cristalino
ecoa
pelas belas
veredas
da sua alma
embevecida...
Fora,
ao seu redor,
só o silêncio,
os olhos
fechados
Um leve toque,
um breve agora,
arquivado,
no seu ser,
pequeno fio
de vivências,
que num instante,
não mais será!
Reminiscências...

Espelho?

Brinco no viver,
amo o partilhar...
Vou deixando
pelo caminho
um sorriso,
um elogio,
um carinho...
O amor
sempre a tocar!
Adoro voltar
às veredas
já trilhadas,
colhendo,
extasiada,
as flôres
perfumadas,
que plantei...
Testemunhas
vivas
de uma passagem,
do quanto
fui feliz,
do muito
que amei...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Será?

Num instante,
a tua voz
inebriante,
ilumina
os recônditos
longinquos
da minh'alma
embevecida!
Ao teu toque,
respiro
ofegante,
ansiosamente
retorno à vida...
Porém,
os cumprimentos
terminam,
a gente
se afasta
p'ra se encontrar,
talvez,
num tempo
qualquer,
em outro lugar...

Carícia...

Atraídos fomos,
sem o saber,
a esse lugar...
Num raro
instante,
ainda uma vez,
nos tocamos,
nos acariciamos,
com o olhar...

Iluminadora

O Senhor
me fez na vida
iluminadora
de palcos
apagados...
Clarear,
trazer à cena,
aos refletores,
performances
grandiosas
de atores
sublimes,
até então
relegados,
ignorados...

Certeza

No silêncio
profundo
da madrugada
fria,
meu ser
se transforma,
à minha revelia...
Torna-se saudoso
do que foi outrora,
do que já viveu
impensadamente,
inconsequente...
Doi-se
pelo passado
distante,
tão relevante...
Meu ser
hoje chora
pelo já ido,
que foi embora,
perdido
nas densas
brumas
de um Avalon
querido...
Há abertas
feridas,
mui doridas,
e horrendas
cicatrizes,
a mostrar
sem compaixão,
que o passado
será sempre
recordado,
quer queira
o ser,
quer não...

marca

As lembranças
de um passado,
tudo aquilo
que foi marcado,
com ferro e fogo
no coração,
será sempre,
sempre recordado,
quer queira o ser,
quer não...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vazio

Uma a uma,
as pessoas
que amei,
com que sorri,
ou chorei,
que me amaram
e que amei,
pequenas luzes
na minha vida,
silenciosamente,
vão se apagando,
vão deixando
a lida!
Uma a mais
que se vai,
mais um adeus...
Só o tempo,
médico da alma,
cicatriza a ferida,
traz o esquecimento...
Outras vêm
e virão,
preencher
o vazio
deixado
pelas que
se foram...
Substituição
jamais...
Perene
esse transitar
pela existência,
cada contato,
nova experiência...
Ao final
do acontecer,
aprende-se
a existir,
a envelhecer...

Viver

Existir,
acontecer!
Aventura única,
indescritível,
alucinante,
envolvente,
que embriaga,
enlouquece
e desatina
o pobre ser...

Prisão

Ao deixar
de fazer
escolhas,
quando
enlouqueci,
prendi-me
então,
nas suas peias,
por não
livrar-me
de ti...

Espaços

Eu me perco
quando,solitária,
percorro
as alamedas,
do que chamo,
com carinho
minha vida...
Até então,
completamente
esquecida!
Me delicio
no flutuar,
no não decidir,
só navegar...
Trilhar,
por um manso
mar,
ou ficar
na areia,
e nela deixar
as marcas tênues
dos meus passos...
Ocupar plena,
dentro de mim,
todos os recantos,
os mais sutis,
os recônditos,
todos os espaços...

Verdade

Você,
entre outras,
é a âncora
que me prende,
ao que denomino,
realidade...
Evita
de me perder,
do que chamo
enlouquecer,
aquilo
que separa
uma mentira
de uma verdade....

Ajuste

Vai em meio
o caminho
já trilhado...
Trago
no peito,
a certeza
de ter fracassado...
Nessa insane busca
do que é efêmero,
deixei passar,
sem muitas marcas,
os verdes anos
dessa minha vida...
Agora,
quando a velhice
bate à porta,
a inutilidade
do que fui
e fiz,
do que decidi,
impensadamente,
deixa-me
esse gosto amargo,
de ter vivido,
quase inutilmente!

Desejo

Impossível
para um ser
alcançar
a profundeza
da fossas abissais,
ou a imensidão
das via lácteas
colossais,
existentes
num outro ser,
jamais...

devaneios

Tirar de mim
os devaneios,
é como arrancar
os esteios,
com os quais
suporto a vida,
e toda sua maldade....

Engano

Muitas vêzes,
demoramos tanto
a perceber,
depois,
em amargo pranto,
com desencanto,
que ofertamos
nossas melhores
pérolas,
(que ironia!)
a quem
não merecia...

Bailarina

Já estive
soberana,
num palco
iluminado...
Do espetáculo,
a primeira
bailarina!
Vivi,
num longo
parênteses,
um louco amor,
na surdina...
(ainda alucina?)
Um desabrochar
na primavera,
exalando
o perfume
da quimera,
embriagando
o transeunte,
convidando-o
a se apaixonar!
Por um momento,
um breve segundo,
afrontei o mundo,
aconteci...
Exauri a vida
na sua plenitude,
embarquei
na paixão
que ilude,
no final
do ato,
cansada,
adormeci...

passagem

Sofrimento,
decepção,
alegria,
fazem parte
do viver
de cada dia...
Sou quem sou
e não sou nada...
Um caminhante
à beira
da estrada...
Leve pluma
ao sabor
da aragem...
Às vêzes,
suave
miragem...
Num momento
estou,
num outro,
não mais...
Só pequenos
detalhes
no cenário,
são testemunhas
mudas,
da minha presença,
da passagem...

Prisão

Abriu-se
a porta
da gaiola
dourada...
Assim,
do nada!
O pássaro
prisioneiro,
entoou
seu canto
derradeiro,
e voou,
p'ra liberdade...
(nada de saudade!)
Planar
sobre telhados
vermelhos!
Cantar
em palcos
iluminados,
encantados...
Conhecer
e conviver
com outras
aves
iguais...
Para a prisão
soturna,
lúgubre,
medonha,
não retornar,
em tempo algum,
jamais...

Embriagar...

Sentir
o ar
penetrar
nos pulmões
exauridos...
Saborear!
Cada papila
a afagar
um divino
um manjar!
Tocar!
Com a pele
acariciar
a maciez
das pétalas
das flores,
a se perfumar...
Enchergar
a beleza
do campo,
a maravilha
da cor!
Divisar
por entre
tanta gente,
o meu carinho,
o meu amor!

Toque

Pai,
no rasgar
do meu coração,
delirei...
Ao estender
a mão,
por um triz,
não te toquei...