Neste corpo
cansado,
envelhecido,
alquebrado,
deformado,
endurecido,
mora um ser,
sensível,
apaixonado,
encantado
com o existir,
com sede de viver!
Não o veja assim,
como um trapo velho,
sem serventia,
muita carência,
tanta anomalia...
As emoções
profundas
de uma vivência
sentiu!
Todas,
de perto,
internalizadas,
exauriu!
Odiou
intensamente,
perdidamente
se apaixonou...
Sorriu,
penou,
se desgastou
de amor...
Contorceu-se
de dor
Reservou-se,
ou então,
desvairadamente
se entregou...
Aconteceu!
Morreu
e reviveu!
Se hoje carrega
este velho
objeto,
enrugado,
dolorido,
cansado,
que a serviu tanto,
é porque o tempo
nele fez
seu trabalho
(como quisera,
ainda,
ser uma manhã,
repleta de orvalho!)
A velha boca
muito sorriu,
muito elogiou,
muita palavra
de conforto
proferiu,
de coragem
foi sua mensagem,
mas, também,
muita mentira
expeliu...
Os olhos,
que tanto viram
(belas paisagens,
horríveis
sofrimentos!)
já derramaram
amargo pranto...
Já chorou
tanto...
Outrora,
no início
da primavera,
já foi bela,
admirada,
desejada,
muito querida...
Hoje,
te olha,
ao começar
a lida,
sabendo,
de ante mão,
o que te espera...
Depois de tudo,
o já vivido,
o acontecido,
te parecerá
uma quimera...
Um sonho
guardado,
preservado
na memória,
(é isso
que se sente),
a tua história...
Correrás,
(como esse ser),
atrás de uma
lembrança boa?
Ou sentirás
a amargura,
a desventura,
de ter vivido
à toa?
Como será
o balanço geral
da tua existência?
Um doce
acontecer,
do bem,
ou um poço
de carência?
Qual das cenas
escolherás
para ficar
gravada?
Emocionalmente
as mais marcadas?
Que o resumo final
da tua vivência,
possa ser
um doce lembrar,
um suave
reviver...
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