quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sentimento

Estou em busca
de um sentimento
profundo
pra traduzir
em verso,
todo
o meu mundo
a implodir
num pequeno vaso,
imerso...

Veredas

Vem comigo
criar veredas,
fazer escolhas,
simplesmente,
pelo prazer
de ver
onde vão dar...
Uma vez mais,
vem se perder,
se descobrir,
ou se achar...
Vem se entorpecer,
se embriagar
com o perfume
inebriante
das flores
perdidas
em caminhos
sedutores...
Vem,
viver amores!
Mesmo
que ao final
resultem dores...
Num caminhar
resoluto,
sem temer
a emoção,
encontrar,
enfim,
o nosso sim
e nosso não...

Trajetória

Imensurável
loucura
defender
um pequeno núcleo
de pensamentos
e sentimentos,
aprisionados
enclausurados
na redoma
pequenina
que forma
meu angustiado
ser...
E reciclar,
analisar
trocar
por novos
os ultrapassados....
Ir abrindo
janelas
pra cada
personagem novo,
que vai surgindo
ao longo
da caminhada,
já avançada...
Mudar
de repente,
ante o observar,
o pensado
e o sentido...
Trazer várias
num único
momento,
instantaneamente,
ao pensamento
e com todas elas
dialogar...
Há aquelas
gravadas
com cenas
de sofrimento,
muito lamento,
ou só trapaças...
Porém,
há outras tomadas
de puro
encantamento.
É extraordinária
essa retenção,
na memória,
de vários enredos
do passado,
do presente
ou em projeção...
Magnífica
introspecção...
E será mais bela
quanto mais rica,
mais longa,
mais vivenciada
for a trajetória.....

Adeus

Quando
eu me for,
ficará
o vento
a soprar
por quanto
tempo?
Quando
eu me for,
continuarão
as primaveras
a se suceder?
O mundo
continuará
a sofrer,
a sorrir,
a navegar
nas ondas
procelosas
do inavegável
mar?
Ainda
haverá momentos
para amar?
Ar p'ra respirar?
Água pra saciar?
Quando
eu me for,
que outros olhos
verão a vida
no seu vir a ser?
Quando
eu me for,
e não mais vir
a existência
a surgir,
a florir,
a acontecer?
Quem há
de admirar
o roteiro
sendo traçado
pelas escolhas
de um novo ator,
meio aturdido,
colocado
aqui no mundo
à mercê
de muita dor?
Quando
eu me for,
quem ficará
deslumbrado,
estarrecido
ante os cenários
oferecidos?
Quando
eu me for,
quem apreciará
o sol se pondo,
ou nascendo?
A beleza
de uma flor,
na campina,
se oferecendo?
Não quero ir...
Que pena,
que desvario,
imensa loucura,
eu ter,
de repente,
de me despedir...

sábado, 23 de outubro de 2010

Existência

Uma a uma
as pessoas amadas
outras odiadas,
silenciosamente,
vão deixando
a lida...
E só o tempo,
médico da alma
cicatriza
a ferida
trás o esquecimento!
O que dá alento
ao sofrido
coração
É que outras
virão,
a preencher
o vazio
deixado
por essas vidas...
Esse transitar
perene
de caminhantes
errantes
deixará
veredas
a se descobrir,
um mundo novo,
em branco e preto
a se colorir,
mais experiência,
mais esplendorosa,
mais alucinante
a tornar-se
a existência...

Desatino

Existir,
acontecer...
Aventura única
insdescritível,
alucinante,
envolvente,
que embriaga,
enlouquece,
que desatina
o pobre ser...

resiliência

Não deixar
no picadeiro
nenhum vestígio
da passagem...
Apagar resquícios,
deixar vazio
o ambiente
tranquilo
onde se viveu...
Objeto
qualquer
lembrará
que aqui
andou,
que adoeceu
de amor
enlouqueceu
de dor,
que existiu
e aconteceu,
e muitas vêzes
desistiu
e reviveu...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Uma inesquecível festa de S. João


No calendário
era marcada
a data:
vinte e quatro de junho,
dias da festança!
Depois,
ansiosamente,
era aguardado
o dia vir a ser.
Meses antes,
dois,talvez,
escolhia-se os pares,
para a quadrilha
acontecer...
Nas noites estreladas,
últimas aulas
dispensadas,
ensaiavam os passos,
da vibrante dança!
Era uma festança!
Quanto riso no ar,
quanta brincadeira!
Era só zueira...
Quando se é jovem
a gente ri à toa.
Quanta lembrança boa!
O tempo não passava,
mas um dia,
a data tão esperada
acontecia...
Atendendo
às promessas feitas,
não chovia.
Os rapazes felizes,
partiam a buscar
enormes bambus,
para o cenário
enfeitar!
As meninas,
alegremente
unidas,
jamais vencidas,
punham-se o pátio
a limpar...
À noitinha
como era desejado,
o "arraiá"
acontecia!
Todos a caráter,
quanta alegria!
Não dava,
e nem se queria
disfarçar...
A platéia
comovida,
enternecida,
assistia,
que regalia,
ao primeiro
espétáculo,
das suas vidas...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Amar-se

O canto
dos quero-quero
de manhãzinha,
trás à mente,
o mar...
Chego a sentir,
nas narinas,
seu cheiro,
inconfundível,
a me provocar!
A areia fria,
macia,
sob os pés
descalços,
que sem percalços,
vão deixando
marcas leves,
que as ondas
em breve,
apagam sem dó...
Sentir na pele
o toque suave
da brisa
que passa,
partindo
p´ra outras
paragens,
em suas viagens....
A cabeça vazia
de pensamentos,
de sentimentos,
apenas o existir,
o se encontrar,
e se amar...
Por que fugir
da solidão,
quando
o estar só,
é incrivelmente
bom?
Apreciar
a própria
companhia,
curtir-se,
ao longo
do caminho,
faz nascer
na alma
inquieta,
o desejo,
irreprimível,
de se estar
sozinho...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Botão vermelho

Mirá-lo,
na parede
à frente,
pequeno botão
de um vermelho
intenso,
esquecido,
pintado
numa tela
antiga...
Quanto tempo
tem de vida?
Não se sabe...
Testemunha viva
de reminiscências,
doloridas
vivências...
Do muito
que penou,
do muito
que amou!

Poesia

Sem o saber,
amando-se
perdidamente,
fizeram poesia,
no seu viver
no seu encontrar
ou se perder,
de cada dia...

Pedemar

Pedemar,
foste traduzido
em uma escultura,
nela retratada
 a tua desventura....
Ela se quebrou,
foste esquecido,
somente agora,
ao ser repassado,
o tempo já vivido,
foste lembrado,
e de novo retratado,
menino ìndio
que existiu outrora!

Incerteza

Um longo sonho,
às vêzes,
pesadelo,
é o enredo
a se revelar...
Registrar tudo,
num recipiente
mudo...
Condicionar
os planos,
pois, amanhã,
quando menos
se espera,
triste quimera,
pode-se deixar,
abandonar,
o palco
encantado,
todo iluminado...

Encontro

Num instante,
a sua voz
inebriante
ilumina
o recôndito
da alma
embevecida!
Ao seu toque
respira
ofegante,
ansiosamente
retorna à vida!
Num segundo,
único
no mundo,
os cuprimentos
terminam,
e se afastam,
a se encontrar,
num tempo
qualquer,
em outro lugar...

Olhar...

Atraídos
foram
sem o saber,
como por
um imã,
a esse lugar...
Num raro,
maravilhoso
instante,
se tocaram,
se incendiaram,
com o olhar...

Recordando

Recordando...

Mais uma vez
ansiosa,
à espera,
do seu passar...
Uma vez mais,
abandona a lida
para dar guarida
à sua paixão...
Tormento
delirante,
que a escraviza
e a eletriza!
E por um instante,
toma de assalto
o seu coração...

Encontros

Aos amigos,
inimigos,
transeuntes,
jóias raras,
que deixaram
penetrar
suas essências,
suas ambivalências...
Protagonistas
na novela
insignificante,
(muita sequela!)
porém cara,
muita vez rara,
que é sua vida!
Um frenesi,
um turbilhão,
constante...
Sofridos,
quase sempre
perdidos
coadjuvantes,
camaradas,
seguindo juntos,
por escolha,
a mesma estrada,
"que ao final
vai dar em nada?",
Ou em tudo
que se quiser,
é só acreditar...
São encontrados
e deixados
ao longo
do caminho,
durante
a jornada...
Enriquecem
o viver,
transformam
o acontecer
com terríveis
tristezas
ou imensas
alegrias,
compondo
um rico
dia a dia...
Há os que partiram,
e os que ficaram
no passado
mui remoto,
tão difícil
de ser lembrado...
Dividiram
o que se chama
realidade,
momentos
fugazes,
porém,
profundos!
Tornaram
o viver
muito mais
belo,
mais rico,
mais doce,
nesse velho
e violento
mundo...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Diadorim

Diadorim!
A chama
alucinante,
delirante,
um sentimento
devorador!
A história
de uma paixão
arrasadora,
tão envolvente,
um grande amor!
Não à entrega,
ao desejo
pacificado...
Contracenar
com você,
nesse palco
imenso...
Vagar
incendiada,
alucinada,
pela chama
cálida
de um ardor
intenso,
abrasador,
perdido,
não consumado,
hoje apagado...
Escrito
nas entrelinhas,
quase escondidas,
de um passado...

Reminiscências

Momento
a momento,
o tempo
escorre
e se morre
num segundo,
no mundo!
No silêncio
da madrugada
tão boa,
que escoa,
está sozinha,
a versejar...
O pensamento
lépido,
voa
à toa...
Percorre
célere,
tranquilo,
as alamedas
floridas,
coloridas,
perdidas
do já vivido...
Tudo que fez
outrora,
quando
se abandonou
e foi embora...
À lembrança vem
cenas sublimes
de supremo bem,
gravadas
na memória...
Inebriante
é ter
um passado
pra recordar!
É resgatar,
reaver
a perdida
trajetória...

Solidão

O cenário
não mais reflete
o ser
que aqui viveu
há um século
atrás...
O tempo
que passou
inutilmente,
foi tão breve,
fugaz...
De toda uma vida
só reminiscências...
Muitas cenas
gravadas
na memória...
Uma existência!
O roteiro
sendo escrito,
com sangue
derramado
a cada escolha...
Muita vez
não saber
o resultado
daquela
que se rejeita...
Difícil
ambivalência!
Algumas
reversíveis,
outras
sem volta...
Pouco importa...
Aprender
com o alheio
erro,
amargando
o desterro
da tremenda
e cósmica
solidão...
Foi imenso
o desafio,
impensável
o desvario,
sem o consolo
de um perdão!

Folia

Em uma manhã,
quiçá
a derradeira
de uma vida
inteira,
perdida,
vazia,
vadia,
não vivida,
foi acordada
pelo já ido,
o já vivido...
Tomou posse
do que fora,
resgatou-se!
Num segundo,
naufragou,
delirou,
enlouqueceu...
Fez força
brutal,
descomunal,
lançou âncora
profundamente
para não voar
e no nada,
suavemente,
mergulhar...
Prendeu-se
ao cotidiano,
à tarefa
rotineira
da vida
inteira!
Todavia
gostou
de se perder
em si,
e se achar...
Amou viver
uma paixão
violenta,
muito sedenta!
Ao retomar
o seu passado,
entrou
em sintonia
com aquele ser
que é pura
poesia!
A vida, agora,
repleta de magia,
transformou-se
em um imenso
festival!
O seu dormir
de cada dia,
tornou-se
uma aventura
incrivel!
Vestiu
uma bela
fantasia,
para, então,
brincar,
(que rebeldia!)
numa folia
de carnaval!