O louco Amor
do Criador!
Tu vieste
porque sabias
e sentias
que Tuas criaturas
seriam jogadas,
estilhaçadas,
nenhuma ternura,
em profundezas
inimagináveis,
não alcançáveis,
abissais...
Mergulhadas,
naufragadas
em solidão
imensa,
cósmica,
retornar a Ti,
por elas mesmas,
em tempo algum,
jamais...
Deixaste, então,
Teu Pai,
que tanto adoras,
Teu reino
encantado,
Teu paraíso,
a adoração
do universo,
Teu aconchego,
e vieste embora...
Aportaste aqui,
neste lamaçal,
violento
tristemente mau...
Corrias
o risco
de não voltar,
se sucumbisses
à sedução
do mortal
inimigo,
sim, corrias
grande perigo!
Tudo deixaste,
Príncipe querido,
pra resgatar
as ovelhinhas
perdidas,
enlouquecidas,
que resolveram
outro caminho
trilhar...
O mais sublime
e cálido Amor
ofertaste!
Nada pediste
em troca
de tamanho
sacrifício...
Trocar
Tua vida,
tão preciosa,
por míseros
vagabundos,
um desperdício!
Agora,
Teu ser me espera,
pacientemente...
Respeitas tanto
o meu querer,
que p'ra
me deixar livre,
decidiste morrer...
Em qualquer tempo,
no rigoroso inverno
ou na primavera,
me esperas,
amorosamente...
Se volto,
enlanguecida,
arrependida,
aos teus braços,
sou envolvida
pelo mais terno,
mais carinhoso,
envolvente
dos teus abraços...
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