A arte do recomeço Cy Mesquita volta a expor suas obras hoje depois de 18 anos afastada do cenário artistico
É tempo de recomeço, retomar a vida e conhecer-se novamente. A arte, por vezes uma expressão dos sentimentos mais íntimos, tem papel fundamental nesse processo de reencontro. De modo especial na vida da artista plástica Cy Mesquita, que deixou para trás uma depressão que lhe acompanhou durante 18 anos. Agora, a artista voltou a trabalhar em esculturas e pinturas e abre a exposição Resiliências hoje à noite, com uma vernissage às 20 horas na Casa de Cultura José Gonzaga Vieira (av. Higienópolis, 1910). As obras ficam expostas até o dia 25 de abril.
São quase 40 esculturas pequenas que tratam do amor entre casais, entre famílias, além dos amigos. “Gosto muito de falar do amor e também gosto das curvas, algo que seja visualmente agradável e dê vontade de manusear, de tocar”, explica Cy. Sentimentos que por muitos anos estiveram adormecidos. “Tomei medicação durante 18 anos e isso me tirou um pouco fora de órbita. Eu sempre falo que a gente fica na terra dos mortos-vivos. Não há emoções e eu fiquei meio estacionada”, conta.
No ano passado, a médica retirou a medicação da artista, que aos poucos voltou às atividades interrompidas 18 anos atrás. “Eu recomecei. Procurei um curso de cerâmica em setembro do ano passado. Comecei a fazer e me disseram para usar o bronze porque estavam boas. Refiz e passei a resgatar”, diz. Justamente por isso a artista batizou a individual de Resiliências. “Resiliência é isso, é uma volta ao passado”, justifica. A partir de então, Cy retomou muitas coisas que se perderam ao longo destes anos.
Depois de preparar a exposição, a artista saiu para convidar os amigos de antes. “Tive reencontros que estão valendo muito para mim. Estou retomando muitos amigos de 50 anos atrás. Revejo gente e a emoção deles é grande”, diz. Num desses encontros, Cy se deparou com uma amiga que tinha guardado um livro de poesias escrito pelo menos 35 anos antes. “Eu havia rasgado minhas poesias e pedi o livro emprestado para eu ver o que escrevia”, conta.
Para a artista, todo recomeço é difícil, mas ao mesmo tempo é uma época de decisões. Cy conta que o marido teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há dois anos. Desta forma, houve uma inversão de papéis. Enquanto ela estava doente, dependia do marido. Agora é diferente. “Sou eu quem decido as coisas hoje. É uma experiência única, fascinante. Fico me observando às vezes, em certas reações”, revela. Um pouco de tudo isso está nas esculturas, algumas delas feitas em bronze, mas a maioria produzida em argila e resina.
Anteriormente, a artista já havia exposto esculturas e pinturas em mostras Zumbi dos Palmares e em outras coletivas. Desta vez, porém, é uma individual, e Cy revela estar com um frio na barriga, embora ao mesmo tempo sinta-se em casa. “Sinto que quem vai na exposição são meus amigos. Então parece que estou em casa”, diz.
– Resiliências – Exposição com esculturas de Cy Mesquita na Casa de Cultura José Gonzaga Vieira (av. Higienópolis, 1910). Abertura hoje, às 20 horas. Grátis.
Igapó tornou-se um velho novo amigo
É uma correria. Tem gente andando, tem gente correndo. Outros mais apressadinhos passam voando de bicicleta. Nesse tempo de recomeço, de resgate, um dos grandes reencontros que Cy Mesquita teve foi com seu antigo amigo, o Lago Igapó. Desde muito tempo ela não apreciava a paisagem, não visitava o amigo, nem caminhava por ele. “Ontem [domingo] estive lá. Foi um êxtase caminhar pelo lago. Rever, apreciar. É um resgate de mim mesma”, destaca.
A próxima exposição certamente será sobre este novo velho amigo. “Tenho umas oito telas em óleo prontas sobre o lago. E pretendo fazer uma exposição somente sobre este tema”, revela. Embora esteja com todo o pique, Cy avisa que os amigos precisam de paciência. “Estou retornando e as telas podem não estar muito boas”, brinca. Mesmo assim, garante ser muito bom voltar.
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http://www.jornaldelondrina.com.br/divirtase/conteudo.phtml?tl=1&id=1115434&tit=A-arte-do-recomeco
Parabéns minha sogra, muito sucesso nessa nova fase de sua vida.
ResponderExcluirBeijo grande.
Ste