Te desejou
na madrugada fria,
quando o cobertor
não a aquecia...
Te desejou,
ao morrer
de sede
no deserto,
(tão perto)
profundamente
árido,
vazio,
doloroso,
onde vivia...
Te desejou,
como se deseja
o viver,
quando se esvai
aos poucos,
sem retrocesso,
sem esperanças
de um amanhã...
Quis se fundir
contigo,
doce amigo,
pensamento,
sentimento,
desejo,
tudo...
(Um escudo!)
Quis se iludir!
Um só ser,
você e ela,
a respirar,
nesse revolto,
proceloso mar,
a navegar...
Venderam-lhe
o sonho bonito
de Cinderela,
sempre à espera
de um salvador,
eterno amor,
que viria,
iluminar,
encantar
os dias dela...
Ao acordar
do pesadelo,
a bela adormecida,
vira que perdera
tudo o que fôra
e o que seria,
jogara fora,
mandara embora,
a sua vida...
Recomeçar?
Sim!
Aspirar
todos os aromas,
internalizar
todos os sabores,
observar
a beleza
das formas
e das cores,
sentir
na pele,
o tocar da brisa
que se eletriza
ao tocar nela,
ouvir
todos os sons,
estridentes
ou suaves,
ao final da tarde...
Enfim,
se embriagar,
viajar
nos detalhes
ínfimos
do mundo
cá fora...
Explodir
de emoção,
arrebentar
o coração,
naufragar
e se encantar,
p'ra nunca mais
ir embora...
Nenhum comentário:
Postar um comentário