quarta-feira, 30 de março de 2011

Um grito

Quero crer
que há universos
extraordinários,
imensos,
acima
e abaixo
do que vejo
e penso...
Ligados,
amalgamados
pela Lei
do Amor,
exalada,
vivenciada
pelo seu Criador...
O palco
onde escrevo
e atuo,
com lágrimas,
suor
e sangue,
o meu enredo,
e encontro
o meu algoz,
é violento,
sangrento
atroz,
na contramão
do infinito...
É nele,
que ao morrer
de dor,
meu ser
se esvai
sem um só grito...
Preciso crer!
Aspiro
conhecer
um mundo
belo,
puro,
limpo..
O meu olimpo!
Onde
minh'alma
possa flutuar,
navegar,
dançar,
sem sorver
este cálice,
amargo,
asqueroso,
de absinto...
Sonhar
com o Pai
amoroso
do qual a Bíblia
fala!
Ela me embala...
Que me fez
do barro,
mui delicadamente,
e soprou
nas narinas,
mui docemente,
o hálito da vida...
Que é esse sopro?
Pergunto estarrecida.
Jesus,
pregado à cruz,
em sofrimento
infinito,
nenhum lamento
na penúltima
e breve fala
me responde,
ao clamar
ao Pai,
que tanto adora:
"Senhor! Em tuas mãos
entrego meu espírito!"
Será
que falarei assim,
quando, então,
num único grito,
ou num sussurro,
o primeiro
e o derradeiro,
meu ser
se despedir,
se esvair,
e for embora?

terça-feira, 29 de março de 2011

Uma cena muito antiga

Perdida
em um canto
qualquer
de uma velha,
amarelada
memória,
há a história
de uma cena,
que mais parece
gasta fotografia...
Que nostalgia!
É noite,
lá fora
escuridão
profunda...
Em algum lugar
do passado,
um cenário
tranquilo,
perdido
no tempo
e no espaço:
uma fazenda,
uma casa velha
de madeira,
ainda inteira...
Nela umquarto,
onde tremula
a luz tênue
de um lampião
de querosene...
Na velha cama,
deitados
um casal
e seus filhos
pequeninos,
abraçados,
aconchegados...
O pai tem,
nas mãos,
um grosso livro
de belas histórias,
tão ilusórias,
e lê,
calmamente,
pausadamente,
dando as cenas
muita entonação...
Pura emoção!
As crianças
embevecidas,
um tanto
adormecidas,
bebem
cada palavra
que escutam,
dando asas
à imaginação...
São contos
e mais contos
de príncipes,
princesas
e fadas!
A atmosfera
é doce,
quase encantada...
A noite é bela,
a lua brilha,
como se fosse
um enorme farol,
entrando
pela janela...
São capazes
de visualizar
a doce cinderela,
à espera
da carruagem
dos sonhos,
nunca tristonhos...
Cada criança
num mundo
mui particular,
que é só dela...
Durante o dia,
o livro será
manuseado,
delicadamente,
mas avidamente
por ela,
que ao encontrar
uma árvore
frondosa,
generosa,
sob a copa
se sentará,
e calmamente lerá...
À plenitude
chegará...
E, ao retirar
os olhos
da leitura,
os pousará
languidamente,
na paisagem
que se descortinará
à sua frente...
Assim, de repente!
A imaginação
sem rédeas,
fluirá,
não à revelia,
para o mundo
embriagador,
fantástico,
com muita dor,
da fantasia....
E, assim ,
passará
deliciosamente,
viajando,
por mais um dia...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Baterfly?

Leve,
suave pluma
ao sabor
da aragem...
Não vento forte,
tempestade,
mas brisa suave...
A dança
é única,
tranquila,
ao iniciar do dia...
Felicidade!
Realidade,
sonho
ou fantasia?
Ir devagarinho,
pelo "Caminho
dos Sentidos",
adormecidos?
Nele deixa
a marca
dos seus passos,
só o compasso...
Pés descalços,
molhados
pelo orvalho
da manhã,
e se embriaga...
Toca seu corpo,
devagarinho,
de mansinho,
para sentir
que vive...
Ri bem alto,
e o som
do riso
cristalino,
ecoa
pelas veredas
silenciosas
de sua alma
embevecida...
Tão bom
estar de bem
com a vida!
Sua pele
a separar
o seu eu
do mundo
de fora...
É um toque
sutil,
leve,
breve,
arquivado,
que irá
embora...
Um fio
de vivências,
mais uma
experiência,
que num instante,
não mais será...
Memória...
Poder estranho,
desconhecido,
construindo,
vagarosamente,
a seu passado,
a sua história...

segunda-feira, 21 de março de 2011

História

Nucleozinho
de pensamentos
e sentimentos
únicos,
coesos,
no universo,
que se derrama
em versos,
nada dispersos...
Contido
num vaso,
de barro,
perambula
pelas vielas
perdidas
deste mundo
inóspito...
É um sopro
de vida,
leve pluma,
suave nuvem,
uma espuma
que se modifica
conforme
a brisa passa...
Destes momentos
incríveis
de agora,
só restará
cenas breves,
gravadas
na memória,
que colocadas
em um imenso
computador,
relatará,
a quem interessar,
a sua história...
Esse nucleozinho,
que parece
perdido,
às vezes,
vencido
pela batalha
atroz,
veloz
do vir a ser,
por certo,
transformado
em contínua
progressão,
se apresentará
ao final
de existência,
sem relutância,
machucado
repleto
de profundas
cicatrizes,
muito doce,
mais sutil,
mais refinado...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cacos

Juntar
os cacos
do seu ser,
dispersos,
transformá-los
em versos...
Construir,
pacientemente,
belos,
intrincados,
coloridos,
sofridos
mosaicos...
Parar
o transeunte
absorto,
(seria morto?)
que rapidamente
passa...
Ele pensa
que é
importante
o que executa,
colocando aí
suas energias,
sua labuta
de cada dia.
Tem a vida,
profundamente,
embrutecida,
adormecida...
O amor
e a dor
que não passa,
as dúvidas cruéis
do existir,
covardemente,
finge ignorar,
e por evitar,
faz chalaça...

Sina

Caminhante,
às vezes,
errante,
pela estrada
iluminada
que liga
e aproxima
as estrelas
verdadeiras,
as derradeiras?
Amar é
compreender,
aceitar
e auxiliar
o ser
que se encontra
pelo caminho...
Despedir-se
dos amigos,
(mui queridos!)
Todos
se despedem
um dia,
à revelia...
Caminhar
ou navegar,
sempre sozinho,
dizer adeus,
a cada curva
do caminho...
Plantar,
em cada alma,
uma flor...
Se encantar
com cenários
deslumbrantes,
descortinando-se,
ali à frente...
(Gravá-los
eternamente?)
Trazê-los
ao consciente,
quando a dor
aperta,
incontinente...
Conhecer,
e fazer-se
conhecido
por toda gente...
Considerar
cada momento
do relacionamento,
um valor imenso,
a ser dividido,
quiçá único
no universo...
E ao findar
o dia,
sair pleno,
desligado,
repleto
de afeto...
Fazer do Amor
uma luz,
cálida,
segura,
pura,
o fim
inexorável
da sua sina,
tão peregrina...

terça-feira, 15 de março de 2011

Um desejo!

Ah! Quantas lutas
terei que travar
até Te encontrar
ao fim
desta estrada,
que ao final
pode dar
em nada...
Anseio
pela primavera
que virá,
enquanto sofro
esse inverno
rigoroso,
tão necessário,
que me perturba
na madrugada...
Mister é lutar
comigo
(má natureza),
profundamente
enraigada,
sedutora,
que me faz
desejar
o que não quero...
Guerrear
contra
o mundo vil,
violento
e frio,
enquanto
Te espero...
Travar
renhida batalha
com Teu inimigo
mortal,
tinhoso,
rancoroso,
mau...
Pronto
a me derrubar
em ciladas,
astutamente
armadas,
a cada curva
do solitário
caminho...
Mas uma vitória,
que Contigo
alcanço,
faz-me vibrar,
me alegrar,
sentir-me assim,
um passarinho,
livre
a voar,
e o infinito,
o cosmos,
tão distante,
finalmente,
alcançar...

sábado, 12 de março de 2011

Amigo

Lembro-me,
diariamente,
de Você,
e cada dia,
uma faceta
diferente,
bela,
surpreendente,
se me descortina...
Extraordinária
a Tua sina!
Nos momentos
de solidão,
quando ao Pai
oravas,
lembranças
cálidas,
sublimes,
embriagadoras,
certamente
acalentavas...
Cenários
explendorosos,
repletos
do maior
encanto
vias,
a cada canto..
Nunca
neste pequeno
mundo
vadio,
frio,
se imaginou
tanto...
E o amor
do Teu Pai,
quão doce
e envolvente
Tu sentias...
Com ele
te fortalecias...
Abraços
afetuosos,
longos
diálogos
que Te animavam,
falavam
de um amor
tamanho,
pro mortal
inintelegivel,
estranho!
Ele Te fortalecia
quando a saudade,
violenta,
batia...
Esperavas
do ser humano,
tão ínfimo,
tamanha rebeldia?
Que saudade
devias sentir
do Teu passado
quando só,
a ele retornavas...
Era nele
que forças
miraculosas,
Tu buscavas...
Começo
a Te conhecer,
meu sublime,
maravilhoso,
inesquecível
Amigo!
Vem!
Te imploro,
dá-me a visão
do Teu paraíso!
Reimplanta
em mim
a necessidade
e a vontade,
cada vez maior
de Te seguir...
(e não fugir!)
Vem!
Instantânea,
velozmente,
vem!
Vem ficar
comigo,
meu grande,
meu amoroso,
silencioso
Amigo!
Vem!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Fluidificar o ser

Fluidificar
o ser!
Mostrar
o que é,
o que pensa
e sente,
tornar-se
transparente...
Assumir
cada sentimento,
até medonho,
sem correr,
resolutamente
olhar-se
de frente!
É perceber
num segundo,
que se é igual
a todo o mundo,
nem melhor,
nem pior,
indiferentemente...
Onde a coragem
pra retroceder,
já dominado,
sem poder deter,
pela avalanche
dos profundos,
às vezes
nem tanto,
velozes,
confusos,
pensamentos?
Destruir
a imagem bela
que se cria,
a cada dia,
à frente
do espelho?
(que fedelho!)
Guardar
a real
em um quarto
bem trancado,
onde nunca
se entra,
e jogar
a chave fora,
até que se for,
num dia
qualquer,
o mais triste,
sem se despedir,
ou se prevenir,
e à revelia,
embora...

Sentidos

Os sentidos
existem,
unicamente,
para revelar
(confusamente
ou não?)
o mundo
lá de fora,
que nos embriaga,
nos seduz,
e nos afaga...
E deles,
o que impera,
é a visão,
só projeção!
Feitos
para olhar,
visualizar
o cenário,
e os entes,
nele encontrados...
O homem
se perde
em análises
vazias
de significado,
baseadas
na enganosa
aparência,
sem consistência...
Enfocar
o mirar
para dentro,
perceber
e conhecer
de seu,
cada sentimento,
nem pensar!
Rotular,
se preciso for!
Mesmo que isso
cause
sofrimento,
constrangimento
e dor...
Melhor
o alheiamento...
Mas há
que se
extravasar
em amor!
Fluir,
deixar sair
todo o bem,
que se tem
a reprimir
na mente,
de repente...
Abraçar
a vida
no maior,
mais apertado
dos amplexos...
Só assim,
conhecendo,
enfim,
suas mazelas,
poderá
o ser,
se quiser,
ter mais nexo...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Tu me criaste,
aqui me colocaste,
e por optar
pelo mal,
nem livre,
nem leve,
ou solta...
Me fizeste
sem nada
pedir,
ou exigir...
Vagarosamente
escrevo,
com pena dourada
do Teu amor,
longas histórias
de paixão e dor...
Ao me modelares,
sopraste,
nas narinas,
um "fôlego
de vida!"
Os pensamentos
e os sentimentos
provém
de um pedaço
de "carne pensante",
(que frustrante!)
ou advêm,
de algo mais,
que um dia,
à minha revelia,
puseste em mim?
Duro embate,
que me abate,
divide o ser,
que pensa ter
respostas certas
para insondáveis
mistérios...
(Nenhum refrigério!)
Navegar,
num oceano
proceloso
de dúvidas
atrozes,
(algozes!)
é a sina
que se me destina,
até o doloroso final,
quando meu respirar,
vagarosamente,
inevitavelmente,
docemente,
terminar...
Só tenho certeza,
do Teu existir
e do meu,
pelo prazer
imenso
de pensar..
O meu ser,
insignificante,
que respira
por um breve
instante,
na eternidade,
é tão precioso
assim?
Deste
a Tua vida,
para resgatar
a mim?
Desperto em Ti
uma paixão
avassaladora,
alucinadora?
Correste
o risco
de te perderes
nesse mundo
violento e mau?
Outro final?
Podias
não voltar
ao Teu paraíso,
para Ti,
então perdido?
Não mais
usufruir
o convívio
amoroso,
maravilhoso,
com teu Pai?
Que grande
loucura,
meu espetacular
Amigo!
Assim fizeste
por me amares
demais?
Tal intensidade,
a este cérebro
finito,
impossível
imaginar,
jamais...
Ao me perceber,
merecedora,
sem o merecer,
desse sentimento
sublime,
que tudo redime,
começo
por amar
meu ser,
ínfimo,
um nada,
mas portador,
pelo Teu Amor,
de um imenso,
intenso,
impagável
valor!
Todo o cosmos
respira
e exala
a lei,
inconfundível,
do amor...
Só esta
esfera,
onde meu ser
habita,
se entorpece
de ódio,
de ira,
de violência
e dor...
Está sozinha,
pobrezinha,
na contramão
do universo,
e em retrocesso...
A própria natureza,
ante a vileza
com que é tratada,
coitada,
retorce-se
em sofrimento,
é puro lamento...
Há, aqueles
que escolheram
o supremo bem,
como bússula
a guiar,
sem cessar,
seus trôpegos
passos...
Então,
é mister travar
batalha renhida,
(nisso se resume
a própria vida),
contra o cruel
recôndito inimigo,
programado
para o mal,
num destino fatal,
e que quer seguir
no mesmo compasso,
e assim evitar
o seu reeligar
ao Senhor
do espaço...
Quantas lutas
terei que travar,
meu irmão,
para ter,
anexado
a Aquele que é,
o meu sofrido,
perdido,
e encontrado
coração?

sábado, 5 de março de 2011

Ah! Meu Senhor,
doce Criador,
quando aqui
andavas,
exalavas
o amor
em cada gesto!
E no Teu olhar
tão singular,
o amar,
o se doar,
era manifesto!
Mente flexível
a desviar-se
dos bloqueios,
(duros permeios),
a abrir janelas,
mil opções
e soluções...
Tão aberto
pra se relacionar,
tão transparente...
Sabia entender
que o pobre ser,
aqui vivente,
era envolto
pelas correntes
de um sistema,
que o encarcerava,
e o aprisionava,
imperceptivelmente...
Ensinou,
mostrou,
que a compreensão
e o perdão,
eram apanágios
dos fortes!
Corajoso,
enfrentou
a morte,
para permitir,
ao pecador,
livre acesso
à liberdade...
Colocou,
como opção,
à nossa frente,
à nossa vontade,
a escolha ou não
para a eternidade...
Quem eras,
Mestre de Nazaré
que não davas,
nenhuma trégua,
ao amar sem fim?
E o perdoar,
que apregoas,
me transforma
e me torna
tão leve assim?
Sei que aqui,
sou breve...
Suave pluma
ao sabor
da aragem,
na vadiagem...
Sem ontem,
nem amanhã,
apenas,
tão somente,
o resplandecente
o agora,
que num segundo,
irá embora....
Tornei-me,
de repente,
um cultivador
de flores,
os meus amores...
São mais belas
as que florecem
no inverno,
mais raras,
por isso,
mais caras!
Encontradas
dificilmente,
diligentemente
procuradas,
como o divisar,
o visualizar
pastagens
verdejantes,
onde há instantes,
não alardeia,
só existia
a dureza
das pedras,
a frieza
da areia...
Esse andar,
peso nenhum
a carregar,
transforma
o caminhar
num divino
flutuar...
O entorpecer
de emoções
tão caras,
e mesmo
o amor,
na sua forma
mais rara,
deixou
de vivenciar,
de extravasar
nos gestos,
antes,
manifestos...
Mas um dia,
a mente,
há muito calada,
transbordou
na madrugada
gélida,
vazia,
fazendo-se
só poesia...
Explodiu
em palavras,
não implodiu,
como outrora
fazia...
Cantou
suave canção,
falou
do seu sentir
de agora!
Já não havia
entraves
no fluir
tranquilo
da vibração!
Por pra fora,
dizer baixinho,
ou gritar
bem alto,
extravasar,
rasgar
o peito,
deixar
fluir
o rio
extenso,
imenso,
do existir...
Ante
a emoção
intensa,
a visão
mui bela,
o pensamento
cálido,
apenas sorrir...