segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

No início
da existência,
te vi,
e li
teu corpo,
teu rosto,
teu olhar...
Eras
um mistério
a desvendar...
Numa linguagem
gestual,
a mais sincera,
nada a esconder,
tudo a dizer...
Através dela
mostravas
o que eras
e eu aprendia,
dia a dia,
a te amar...
Uma jeito
de ser
tão transparente,
comovente,
tão envolvente...
Com o tempo,
comecei
a balbuciar
e te imitar!
Aprendi o nome
de tudo
o que via,
e do que sentia,
comecei,
pouco a pouco,
a me comunicar...
De repente,
virei gente,
me perdi
no mundo
das palavras,
no encanto
que elas
traduziam,
era tão fácil
tagarelar...
Aprendi,
dolorosamente,
que elas
enganam
vergonhosamente!
Quase sempre
vazias
de significado,
transtornaram
o meu presente,
modificaram
o meu passado...
Notei,
desencantado,
que muita vez,
o discurso
não coaduna
com o que
o corpo diz,
diz-se que
se está alegre,
mas se vê
que se é infeliz...
Agora,
do trocar amor
que existia
no tocar,
quase encantado,
só existe
a tristeza
imensa,
a saudade
intensa,
e o desejo
de que o assim
se comunicar,
seja reatado...

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